Os celtas
Os celtas, segundo alguns estudiosos um conjunto de povos, para outros uma raça, estenderam-se por toda a Europa , contribuindo para a constituição de várias outras nações. O núcleo de sua localização foi provavelmente a Alemanha, mas os chamados continentais se disseminaram pela Hungria, Grécia e pela Ásia Menor. Eles nunca formaram um bloco homogêneo, e sim tribos rivais, que nem mesmo cultuavam as mesmas divindades, com exceção de poucas entidades comuns.
Os habitantes das ilhas espalhavam-se pela Grã-Bretanha e Irlanda. É geralmente a eles que a literatura se refere ao mencionar os celtas. Pertencentes à Idade do Ferro, formavam pequenas aldeias comandadas por chefes que também lideravam combates.
A mitologia celta
Os celtas não escreviam seus mitos, eles passavam de geração a geração através da tradição oral de seus bardos. Para os druidas, escrever seus mitos seria o mesmo que aprisionar seus espíritos. Portanto, contamos com outras formas de estudo de sua mitologia:
- As lendas foram resgatadas através dos registros feitos por monges copistas irlandeses que passaram as principais histórias celtas para o papel em belíssimos manuscritos;
- Os mitos estão vivos até hoje através das tradições populares orais das terras celtas (principalmente Irlanda, País de Gales e Escócia).
A natureza da mitologia celta remete ao papel dos bardos - sacerdotes e professores responsáveis pela conservação e perpetuação da história de seu povo. Assim, através de sua mitologia, temos acesso às preocupações e costumes de sua sociedade. Pelas lendas e mitos celtas, podemos afirmar que eram um povo com paixão pela beleza, visto que são fartas as descrições das vestes e adornos do heróis, heroínas e deuses. Guerreiros com vestes coloridas e cabelos eriçados, heroínas com cabelos ricamente trançados e usando muitas jóias são comuns a várias histórias. Era um povo também aficcionado pelos mistérios da Natureza: as magias e jornadas misteriosas aconteciam sempre durante caçadas, nas florestas ou através de viagens pelos mares. Animais falantes são comuns, outra vez remetendo ao xamanismo entre os celtas.
Os mitos também são tidos como um tipo de explicação para os mistérios da religiosidade. No caso dos celtas, vemos que as lendas celebram a imortalidade (amores que perduram após a morte, cabeças de heróis que possuem poderes e sabedoria, etc) e assim encorajam a força de uma sociedade guerreira. A certeza da imortalidade fez dos celtas guerreiros destemidos. As constantes visitas ao Outro Mundo nas lendas refletem os costumes de ritos de transição, como também a celebração da ciclicidade da Natureza, bastante presente nessa sociedade que se baseava na passagem das estações do ano, tanto na vida diária, como na religião. Na verdade, os celtas pouco separavam a religião do dia-a-dia, pelo contrário: um fazia parte indivisível do outro.
Outra característica da mitologia celta é a presença de elementos e personagens históricos em suas lendas. Para os bardos, história e lenda eram instrumentos de mesma natureza, usados para preservar a memória popular, portanto, especula-se que um grande número de heróis e heroínas celtas tenham realmente existido e seus atos tenham sido tão marcantes que foram preservados pelos relatos e pelas canções bárdicas.